Reações adversas cisplatina

CISPLATINA com posologia, indicações, efeitos colaterais, interações e outras informações. Todas as informações contidas na bula de CISPLATINA têm a intenção de informar e educar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um profissional médico ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Decisões relacionadas a tratamento de pacientes com CISPLATINA devem ser tomadas por profissionais autorizados, considerando as características de cada paciente.



Nefrotoxicidade: A nefrotoxicidade é a reação tóxica mais limitante no uso da cisplatina. A nefrotoxicidade é cumulativa e dependente da dose utilizada. A toxicidade renal torna-se mais grave e prolongada após tratamentos repetidos com a cisplatina. Recomenda-se administrações somente a cada 3 ou 4 semanas. Para minimizar a nefrotoxicidade, recomenda-se tratamentos de hidratação intravenosa, diurese por manitol e infusões de cisplatina com duração de 6-8 horas. A alteração mais frequentemente relatada tem sido queda na taxa de filtração glomerular, refletida por um aumento da creatinina sérica. A função renal deve voltar ao limite aceitável (creatinina sérica menor que 0.14 mmol/L e/ou ureia sanguínea menor que 9 mmol/L) antes da administração de outra dose de cisplatina.

Antes e após cada tratamento, devem ser efetuados os seguintes exames laboratoriais: BUN, creatinina sérica e clearance de creatinina.

Ototoxicidade: Foram relatados casos de ototoxicidade em mais de 31% dos pacientes tratados com dose única de cisplatina 50 mg/m2 de superfície corporal; a severidade aumenta em crianças; com a repetição das doses, a frequência e a gravidade aumentam. Zumbido no ouvido e diminuição da acuidade auditiva em uma conversação normal são os sintomas de ototoxicidade frequentemente observados. As anomalias auditivas constatadas por exames audiométricos aumentam de frequência e gravidade com a repetição das doses, ocorrendo especialmente nas frequências compreendidas entre 4.000 e 8.000 Hz. A perda auditiva pode ser uni ou bilateral, reversível ou não. Recomendam-se testes audiométricos, se possível antes do início da terapia, e a intervalos regulares, principalmente no caso de aparecimento de sintomas clínicos de zumbido nos ouvidos e insuficiência auditiva.

Anafilaxia: Reações possivelmente secundárias à terapia com cisplatina têm sido ocasionalmente relatadas em pacientes que foram previamente expostos á cisplatina. Pacientes que apresentam um risco potencial são aqueles com histórico prévio ou familiar de atopia. Edema facial, dificuldade respiratória, taquicardia, hipotensão e “rash” cutâneo do tipo urticarial macolupapular não específico podem ocorrer poucos minutos após a administração. Pacientes em tratamento com cisplatina devem ser observados cuidadosamente quanto a possíveis reações tipo anafiláticas; equipamentos e terapia de suporte devem estar disponíveis, caso ocorram estas reações. Reações sérias parecem ser controladas com adrenalina IV, corticoides ou anti-histamínicos.

Mielosupressão: Pode ocorrer em pacientes tratados com cisplatina. Leucopenia e trombocitopenia são mais pronunciadas com a administração de doses maiores que 50 mg/m2 de superfície corporal; os níveis mais baixos das plaquetas circulantes e dos leucócitos ocorre geralmente entre o 18° e 32° dia (variação de 7.3 a 45 dias); a recuperação da maioria dos pacientes ocorre no 39° dia (variando de 13 a 62 dias).
Anemia ocorre aproximadamente com a mesma frequência, porém geralmente é constatada mais tardiamente do que a leucopenia e a trombocitopenia. A terapia com cisplatina não deve ser instituída até que o nível das plaquetas seja maior que 100.000/mm3 e o dos glóbulos brancos seja maior que 4.000/mm3. Uma maior incidência de anemia severa requerendo transfusão de sangue foi observada em pacientes sob tratamento quimioterápico combinado incluindo a cisplatina. Raramente a droga pode causar anemia hemolítica. A contagem regular das plaquetas e glóbulos brancos deve ser realizada a intervalos regulares durante a terapia com cisplatina.

Hipomagnesemia e Hipocalcemia: Foi observada frequentemente hipomagnesemia; a hipocalcemia ocorre com menor frequência. Os sintomas podem ser manifestados por irritação muscular ou cãibras, tremor, espasmo crônico, espasmo de mãos e pés. Também pode ocorrer tetania, que parece não ser doserelacionada.
A perda de magnésio parece estar associada a danos no túbulo renal, o que impede a reabsorção desse cátion. É necessário monitorar esses eletrólitos, assim como fazer sua reposição quando for apropriado.

Hiperuricemia: Pode ocorrer hiperuricemia, principalmente como resultado da nefrotoxicidade induzida pela dosagem de cisplatina. A hiperuricemia é mais acentuada com doses superiores a 50 mg/m2, ocorrendo às concentrações máximas de 3-5 dias após a administração de cisplatina. Alopurinol pode ser usado para reduzir os níveis séricos do ácido úrico.

Neurotoxicidade e tremores: A administração de cisplatina pode ocasionar neuropatia periférica, hipotensão postural e tremores, principalmente após tratamento prolongado, mas também pode ocorrer após uma única dose. O aparecimento de sintomas clinicamente significativos deve, geralmente, contraindicar o uso posterior de cisplatina.

Toxicidade ocular: Foram relatados casos de neurite óptica, edema papilar e cegueira cerebral que geralmente são reversíveis com a suspensão do tratamento. Visão turva e alteração na percepção das cores foram relatadas com doses maiores ou mais frequentes que as recomendadas.

Náuseas e vômitos: A cisplatina provoca náuseas e vômitos, em quase todos os pacientes, que começam geralmente de 1 a 4 horas após o tratamento, podendo persistir por mais de uma semana.

Outras reações: Pode ocorrer diarreia, anorexia, soluços, alopecia, astenia e mal estar. Foram observados casos raros de alterações cardíacas, toxicidade vascular que pode incluir infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, artrite cerebral e microangiopatia trombótica.