Características farmacológicas clindoxyl

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Mecanismo de Ação
Clindamicina
A clindamicina é um antibiótico da classe das lincosamidas com ação bacteriostática contra aeróbios Gram-positivos e uma ampla gama de bactérias anaeróbicas. As lincosamidas, tais como a clindamicina, ligam-se à subunidade ribossômica 50S de bactérias suscetíveis e previne a elongação de cadeias peptídicas por meio da interferência na peptidil transferase, suprimindo, assim, a síntese proteica. A ação da clindamicina é predominantemente bacteriostática, embora altas concentrações possam ser brandamente bactericidas contra cepas sensíveis.
O fosfato de clindamicina é inativo in vitro e é hidrolisado in vivo em clindamicina ativa.

Peróxido de benzoíla
O peróxido de benzoíla é um agente oxidante altamente lipofílico com efeitos bactericidas e leves efeitos queratolíticos. Ele contribui na terapia combinada com um mecanismo bactericida não específico (a formação de espécies reativas de oxigênio) suprimindo, portanto, o surgimento de organismos resistentes ao medicamento.

– Efeitos farmacodinâmicos
Clindamicina
A clindamicina tem apresentado atividade in vitro contra o Propionibacterium acnes, uma bactéria que tem sido associada à acne vulgar. Resistência do P. acnes à clindamicina tem sido documentada.
Clindamicina in vitro inibe o P. acnes (concentração inibitória mínima (MIC) de 0,4 g / mL).
Ácidos graxos livres na superfície da pele diminuem aproximadamente de 14% a 2% após aplicação tópica de clindamicina.
Clindamicina também reduz a inflamação ao inibir a quimiotaxia dos leucócitos.

Peróxido de benzoíla
A eficácia do peróxido de benzoíla para o tratamento da acne vulgar é principalmente atribuída à sua atividade bactericida, especialmente contra o P. acnes. A atividade bactericida do peróxido de benzoíla deve-se à liberação de oxigênio ativo ou radicais livres capazes de oxidar proteínas bacterianas. Acredita-se que o peróxido de benzoíla também seja eficaz no tratamento da acne devido aos seus efeitos anti-inflamatórios e leve propriedade queratolítica.

– Resistência e resistência cruzada
O tratamento da acne com antibióticos tópicos e orais utilizados em monoterapia, tais como clindamicina e eritromicina, tem sido associado ao desenvolvimento de resistência aos antibióticos em P. acnes, bem como na flora comensal (por exemplo, Staphylococcus aureus, Streptococcus pyogenes). A utilização de clindamicina em monoterapia pode resultar no desenvolvimento de resistência induzida nestes micro-organismos.
Peróxido de benzoíla possui efeito bactericida e não foi demonstrado que induz resistência bacteriana em P. acnes. A inclusão de peróxido de benzoíla em formulações de clindamicina 1% / peróxido de benzoíla 5% tem demonstrado reduzir a contagem de P. acne resistentes à clindamicina.
A prevalência de resistência adquirida pode variar geograficamente e ao longo do tempo para os micro-organismos selecionados. Informações acerca de resistência local são importantes, particularmente no tratamento de infecções graves.

– Farmacocinética
Absorção/Distribuição/Metabolismo Clindamicina
Fosfato de clindamicina é rapidamente hidrolisado a clindamicina por fosfatases da pele. A clindamicina é posteriormente metabolizada para sulfóxido de clindamicina. Níveis significativos de clindamicina foram detectados em comedões de pacientes que aplicaram fosfato de clindamicina tópica durante duas semanas.
Não há evidência de que a pele atue como um reservatório para a clindamicina após repetidas aplicações, ou que a mesma se acumule sistemicamente.
Clindamicina é metabolizada no fígado em metabólitos ativos e inativos.

Peróxido de benzoíla
O peróxido de benzoíla é absorvido pela pele, onde é metabolizado a ácido benzoico. Após aplicação tópica, menos de 5% da dose entra na circulação sistêmica como ácido benzoico.
Um estudo comparativo da farmacocinética da clindamicina gel a 1% / peróxido de benzoíla a 5% (1 g aplicado na face uma vez ao dia) e uma solução a 1% de clindamicina (0,5 g aplicado na face duas vezes por dia) em 78 pacientes com acne moderada a grave indicou níveis plasmáticos médios muito baixos de clindamicina durante o período de quatro semanas (<0,5 ng / mL) para os dois grupos de tratamento.
A presença de peróxido de benzoíla na formulação não teve efeito sobre a absorção percutânea de clindamicina.
Em um estudo aberto, pacientes com acne vulgar moderada a grave foram tratados com aproximadamente 4 gramas de gel de clindamicina 1% e peróxido de benzoíla 5% aplicado uma vez por dia, durante 5 dias, no rosto, tórax superior, e parte superior das costas e ombros. Duas formulações foram estudadas (24 pacientes em cada grupo), uma contendo metilparabeno e a outra isenta de conservantes. A clindamicina foi lentamente absorvida após a aplicação tópica, atingindo concentrações plasmáticas máximas cerca de 6 a 8 horas da aplicação. Média geométrica da exposição máxima de clindamicina no plasma no dia 5 foi 1,095 ng/ml e 16,3 ng*h/mL, respectivamente, na formulação de metilparabeno, e 0,806 ng / mL e 11,4 ng*h / mL, respectivamente, na formulação isenta de conservantes.
A exposição sistêmica ao sulfóxido de clindamicina foi mais baixa em relação à clindamicina, uma vez que os valores médios de Cmax e ASC (área sobre a curva) foram, em média, 4 a 5 vezes mais elevados para clindamicina em comparação com sulfóxido de clindamicina. Esta proporção foi comparável entre todas as formulações, o que indica que a conversão de clindamicina para o seu metabolito não é afetada pela formulação.

– Eliminação
Clindamicina
Clindamicina tem um tempo de meia-vida de cerca de 9 horas e é excretada na urina principalmente como o composto original.
Seguindo múltiplas aplicações tópicas de clindamicina gel, menos de 0,06% da dose total foi excretada na urina.

Peróxido de benzoíla
Peróxido de benzoíla é excretado na forma de ácido benzoico na urina.

Gel de clindamicina/peróxido de benzoíla
Um estudo comparativo da farmacocinética do gel de clindamicina a 1% / peróxido de benzoíla a 5% (1 g aplicado na face uma vez ao dia) e uma solução a 1% de clindamicina (0,5 g aplicado na face duas vezes por dia) em 78 pacientes, durante quatro semanas, indicou não haver diferenças estatisticamente significativas nos valores de clindamicina e sulfóxido de clindamicina excretados no período de 24 horas após a última dose.