Características farmacológicas levaquin

LEVAQUIN com posologia, indicações, efeitos colaterais, interações e outras informações. Todas as informações contidas na bula de LEVAQUIN têm a intenção de informar e educar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um profissional médico ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Decisões relacionadas a tratamento de pacientes com LEVAQUIN devem ser tomadas por profissionais autorizados, considerando as características de cada paciente.



Propriedades farmacodinâmicas
Mecanismo de ação
O Levaquin® é um agente antibacteriano sintético de amplo espectro, para administração oral ou intravenosa. Quimicamente, o levofloxacino é o isômero levógiro (isômero-L) do racemato ofloxacino, um agente antibacteriano quinolônico. A atividade antibacteriana do ofloxacino deve-se basicamente ao isômero-L. O mecanismo de ação do levofloxacino e de outros antimicrobianos fluoroquinolônicos envolve a inibição da topoisomerase IV bacteriana e da DNA-girase (ambas são topoisomerases bacterianas tipo II), enzimas necessárias para a replicação, transcrição, restauração e recombinação do DNA. Nesse sentido, o isômero-L produz mais pontes de hidrogênio e, portanto, complexos mais estáveis, com a DNA-girase do que o isômero-D. Microbiologicamente, isso se traduz numa atividade antibacteriana 25 a 40 vezes maior para o isômero-L, o levofloxacino, do que para o isômero-D. Os derivados quinolônicos inibem rápida e especificamente a síntese do DNA bacteriano.

Microbiologia
O levofloxacino apresenta atividade in vitro contra um amplo espectro de bactérias aeróbicas e anaeróbicas gram-positivas e gram-negativas. A atividade bactericida do levofloxacino é rápida e frequentemente ocorre em níveis próximos da Concentração Inibitória Mínima (CIM). O levofloxacino exibe atividade in vitro contra a maioria das cepas dos microorganismos citados a seguir:

Aeróbios Gram-positivos Enterococcus avium
Streptococcus constellatus
Enterococcus faecium Streptococcus (Grupos C/F, D, G)
Staphylococcus aureus Streptococcus milleri
Staphylococcus epidermidis Streptococcus sanguis
Staphylococcus hominis Streptococcus (Grupo Viridans)

Anaeróbios Grampositivos
Clostridium perfringens
Clostridium spp.
Peptostreptococcus anaerobius
Peptostreptococcus magnus
Propionibacterium acnes

Aeróbios Gram-negativos Proteus vulgaris
Acinetobacter baumannii Providencia rettgeri
Acinetobacter lwoffii Providencia spp
Aeromonas hydrophila Providencia stuartii
Bordetella pertussis Pseudomonas fluorescens
Campylobacter jejuni Pseudomonas putida
Citrobacter (diversus) koseri Salmonella enteritidis
Pantoea (Enterobacter) aerogenes Salmonella spp
Enterobacter agglomerans Serratia liquefaciens
Enterobacter sakazakii Serratia marcescens
Flavobacterium meningosepticum Serratia spp
Legionella spp. Shigella spp
Morganella morganii Stenotrophomonas maltophilia
Neisseria gonorrhoeae Vibrio cholerae
N. gonorrhoeae (produtora de Vibrio parahaemolyticus
penicilinase) Yersinia enterocolitica

Anaeróbios Gram-negativos
Bacteroides distasonis
Bacteroides fragilis
Bacteroides intermedius
Veillonella parvula

Outros microorganismos
Mycobacterium fortuitum Mycoplasma fermentans
Mycobacterium kansasii Mycoplasma hominis
Mycobacterium marinum Ureaplasma urealyticum
Mycobacterium tuberculosis

O levofloxacino é ativo contra as cepas produtoras de beta-lactamase dos microorganismos listados anteriormente. O levofloxacino não é ativo contra Treponema pallidum.
O levofloxacino tem se mostrado ativo contra a maioria das cepas susceptíveis dos seguintes microorganismos, tanto in vitro como em infecções clínicas:

Aeróbios Gram-positivos
Enterococcus faecalis Streptococcus agalactiae
Staphylococcus aureus Streptococcus pneumoniae
Staphylococcus epidermidis Streptococcus pyogenes
Staphylococcus saprophyticus

Aeróbios Gram-negativos
Citrobacter freundii Klebsiella pneumoniae
Enterobacter cloacae Legionella pneumophila
Escherichia coli Moraxella catarrhalis
Haemophilus influenzae Proteus mirabilis
Haemophilus parainfluenzae Pseudomonas aeruginosa
Klebsiella oxytoca

Outros microorganismos
Chlamydia pneumoniae
Mycoplasma pneumoniae

Resistência ao levofloxacino devida a mutação espontânea in vitro é um fenômeno muito raro (média 10-9 a 10-10 ). Embora tenha sido observada resistência cruzada entre levofloxacino e outras fluorquinolonas, alguns microorganismos resistentes a outras quinolonas, como o ofloxacino, podem ser sensíveis ao levofloxacino. Na falta de um teste de sensibilidade ao levofloxacino, a sensibilidade do microorganismo ao ofloxacino pode ser utilizada para predizer a sensibilidade ao levofloxacino. Contudo, embora microorganismos sensíveis ao ofloxacino possam ser considerados sensíveis ao levofloxacino, o contrário nem sempre é verdadeiro.

Propriedades farmacocinéticas
O levofloxacino é absorvido rapidamente e quase completamente após a administração oral.
O pico de concentração plasmática (aproximadamente 5,1 μg/mL) é obtido uma a duas horas após a ingestão. A biodisponibilidade absoluta do comprimido de 500 mg é de aproximadamente 99%. A ingestão de alimentos não altera de maneira clinicamente significativa a absorção do levofloxacino.
As concentrações plasmáticas do levofloxacino após a administração intravenosa são semelhantes e comparáveis, em extensão (AUC), às obtidas após a administração oral, quando se utilizam doses equivalentes (mg/mg). Portanto, a via oral e a via intravenosa podem ser consideradas intercambiáveis.
A farmacocinética do levofloxacino é linear e previsível após a administração de doses únicas e doses múltiplas. As concentrações plasmáticas aumentam proporcionalmente com o aumento das doses orais, numa faixa de 250 a 1.000 mg.
O estado de equilíbrio é atingido 48 horas após a administração de 500 mg em esquemas de uma dose e de duas doses diárias. O pico e o vale da concentração plasmática atingidos após doses múltiplas em regimes de dose única diária oral foi de aproximadamente 5,7 e 0,5 μg/mL, respectivamente; após doses múltiplas com regime de administração oral de 2 vezes ao dia, esses valores foram de aproximadamente 7,8 e 3,0 μg/mL, respectivamente. Após doses intravenosas, o pico e o vale da concentração plasmática atingidos após múltiplas doses no regime de dose única foram de aproximadamente 6,4 e 0,6 μg/mL, respectivamente. Após doses múltiplas com regime de administração endovenosa de 2 vezes ao dia, esses valores foram de aproximadamente 7,9 e 2,3 μg/mL, respectivamente.O volume médio de distribuição do levofloxacino varia, em geral, de 74 a 112 litros após doses únicas ou múltiplas de 500 mg ou 750 mg, indicando ampla distribuição pelos tecidos. A penetração do levofloxacino na pele é rápida e completa. O levofloxacino também penetra rapidamente na parte esponjosa e cortical dos tecidos ósseos, tanto na cabeça do fêmur quanto na sua parte distal. Os picos de concentração tissular variam de 2,4 a 15 mcg/g e são obtidos cerca de 2 a 3 horas após a administração oral. A ligação do levofloxacino às proteínas séricas, in vitro, é de aproximadamente 24 a 38% em todas as espécies estudadas, numa faixa de 1 a 10 mcg/mL; a ligação se faz principalmente com a albumina sérica em humanos.
O levofloxacino liga-se às proteínas plasmáticas independentemente da concentração do fármaco.
O levofloxacino é esterioquimicamente estável no plasma e na urina e não se converte metabolicamente no seu enantiômero, o D-ofloxacino. A biotransformação do levofloxacino é limitada, uma vez que o fármaco é basicamente excretado inalterado na urina. Após a administração oral, aproximadamente 87% da dose administrada é recuperada inalterada na urina, num período de 48 horas, enquanto que menos de 4% da dose é recuperada nas fezes, num período de 72 horas. Menos de 5% da dose administrada é recuperada na urina como metabólitos desmetil e N-óxido, os únicos metabólitos identificados no homem. Estes metabólitos não apresentam atividade farmacológica relevante.
A meia-vida de eliminação plasmática terminal média do levofloxacino varia de 6 a 8 horas, após a administração de doses únicas ou de doses múltiplas.
A média aparente do clearence corpóreo total e do clearence renal varia de aproximadamente 144 a 226 mL/min e 96 a 142 mL/min, respectivamente. O excessivo clearence renal da filtração glomerular sugere que a secreção tubular de levofloxacino ocorre em adição a sua filtração glomerular.
A administração concomitantemente de cimetidina ou de probenecida resulta em aproximadamente 24% e 36% na redução do clearence renal de levofloxacino, indicando que a secreção de levofloxacino ocorre no túbulo renal proximal. Cristais de levofloxacino não foram encontrados em nenhuma amostra de urinas recém coletadas em indivíduos recebendo levofloxacino.