Características farmacológicas zanidip

ZANIDIP com posologia, indicações, efeitos colaterais, interações e outras informações. Todas as informações contidas na bula de ZANIDIP têm a intenção de informar e educar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um profissional médico ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Decisões relacionadas a tratamento de pacientes com ZANIDIP devem ser tomadas por profissionais autorizados, considerando as características de cada paciente.



-Propriedades Farmacodinâmicas: o cloridrato de lercanidipino, princípio ativo deste medicamento, pertence ao grupo farmacoterapêutico dos bloqueadores seletivos do canal de cálcio. O lercanidipino é um antagonista do cálcio do grupo das diidropiridinas que inibe o influxo transmembrana do íon cálcio no interior dos músculos cardíaco e liso vascular. O mecanismo de ação anti-hipertensiva do lercanidipino deve- se ao seu efeito relaxante direto na musculatura vascular lisa, reduzindo, desta maneira, a resistência periférica total. Apesar da sua curta meia-vida plasmática, o lercanidipino é dotado de prolongada ação anti- hipertensivo, devido ao seu alto coeficiente de partição na membrana bi-lipídica das células musculares dos vasos sanguíneos, e é destituído de efeito inotrópico negativo devido a sua alta seletividade vascular. Uma vez que a vasodilatação induzida pelo ZANIDIP é gradual no começo, hipotensão aguda com taquicardia reflexa foi raramente observada em pacientes hipertensos.
Assim como outras 1,4-diidropiridinas assimétricas, a ação anti-hipertensiva do lercanidipino deve-se,principalmente, ao seu enantiômero (S).

-Propriedades Farmacocinéticas: ZANIDIP é completamente absorvido após administração oral de 10-20mg, e os picos plasmáticos são, respectivamente, 3,30 ng/mL ± 2,09 e 7,66 ng/mL ± 5,90, e ocorrem entre 1,5 a 3 horas após a administração. Os dois enantiômeros de lercanidipino mostram um perfil similar de níveis plasmáticos: o tempo para alcançar o pico da concentração plasmática é o mesmo, o pico da concentração plasmática e área sob a curva (AUC) são, em média, 1,2 vezes mais alto para o enantiômero (S) e a meia-vidade eliminação dos dois enantiômeros é essencialmente a mesma. Nenhuma interconversão IN VIVO dos enantiômeros foi observada. Devido ao alto metabolismo de primeira passagem, a biodisponibilidade absoluta de ZANIDIP administrado oralmente, após a alimentação, a pacientes sadios, é cerca de 10%, entretanto ela é reduzida a 1/3 quando a administração ocorre em jejum. A disponibilidade por via oral do lercanidipino aumenta 4 vezes quando este é ingerido em um período de até 2 horas após uma refeição com alto teor de gordura. A distribuição plasmática para os tecidos e órgãos é ampla e rápida. A taxa de ligação às proteínas plasmáticas do lercanidipino é superior a 98%. Como o nível destas proteínas apresenta-se reduzido em pacientes com grave insuficiência renal ou hepática, a fração livre de lercanidipino nestes pacientes pode estar aumentada. O lercanidipino é amplamente metabolizado no fígado, pela CYP3A4. O fármaco inalterado não é encontrado na urina ou nas fezes. O lercanidipino é, predominantemente, convertido a metabólitos inativos, dos quais cerca de 50% são excretados na urina. Experimentos IN VITRO com microssomos hepáticos humanos demonstraram que lercanidipino apresenta vários graus de inibição de CYP3A4 e CYP2D6, nas concentrações de 160 e 40 vezes, respectivamente, mais altas que aquelas atingidas do pico plasmático depois de doses de 20 mg. Além disso, estudos de interação em humanos mostraram que lercanidipino não modificou os níveis plasmáticos de midazolam, um substrato típico de CYP3A4, ou de metoprolol, um substrato típico de CYP2D6. Entretanto, inibição da biotransformação de fármacos metabolizados por CYP3A4 e CYP2D6 devido ao ZANIDIP não é esperada em doses terapêuticas. A meia-vida de eliminação média final de 8-10 horas foi calculada e a atividade terapêutica dura por 24 horas devido ao alto grau de ligação às membranas lipídicas. Não se observou o acúmulo de lercanidipino após administrações repetidas. A administração oral de ZANIDIP leva a níveis plasmáticos de lercanidipino indiretamente proporcionais à dose (cinética não linear). Após a administração de 10, 20 ou 40 mg de lercanidipino, os picos de concentração plasmática observadas foram na proporção de 1:3:8 e as áreas das curvas de concentração plasmática versus tempo, na proporção de 1:4:18, sugerindo uma progressiva saturação do metabolismo de primeira passagem. Consequentemente, a disponibilidade da droga aumenta com a elevação da dose. Em pacientes idosos ou portadores de insuficiência renal ou hepática leve ou moderada, o perfil farmacocinético do lercanidipino mostrou-se similar ao observado na população geral de pacientes. Pacientes com insuficiência renal grave ou dependente de diálise apresentaram níveis mais elevados do fármaco (cerca de 70%). Em pacientes com insuficiência hepática moderada ou grave é provável que ocorra o aumento da biodisponibilidade sistêmica de lercanidipino, pois este, em condições normais, é extensivamente metabolizado pelo fígado.