Resultados de eficácia nimodipino

Nimodipino com posologia, indicações, efeitos colaterais, interações e outras informações. Todas as informações contidas na bula de Nimodipino têm a intenção de informar e educar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um profissional médico ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Decisões relacionadas a tratamento de pacientes com Nimodipino devem ser tomadas por profissionais autorizados, considerando as características de cada paciente.



REDUÇÃO DO VASO ESPASMO NA HEMORRAGIA SUBARACNÓIDEA (HSA) E DEFICIÊNCIAS NEUROLÓGICAS ISQUÊMICAS CAUSADAS POR ESPASMOS DOS VASOS CEREBRAIS:
Meta-análise envolvendo 8 estudos com um total de 1514 pacientes avaliou a eficácia e a segurança do nimodipino na prevenção do vasoespasmo cerebral em pacientes com hemorragia subaracnoide aneurismática. Comparado com o grupo placebo, o uso de nimodipino resultou aumento de 64% na recuperação clínica total dos pacientes, aumento de 79% na recuperação clínica parcial, diminuição de 74% dos óbitos e redução de 46% de vasoespasmo cerebral sintomático, além da diminuição de 48% na ocorrência de infarto cerebral. As diferenças entre hemorragia recorrente e reações adversas entre os grupos placebo e nimodipina não foram estatisticamente significativas. A conclusão da meta-analise foi que nimodipino pode melhorar significativamente os critérios clínicos de avaliação, assim como reduzir a ocorrência de vasoespasmo cerebral sintomático, déficits de função neurológica tardia (todos os casos), bem como infarto cerebral. Outro estudo defende resultados semelhantes, favoráveis ao uso de nimodipino em HSA.
O aumento de cálcio intracelular livre é relacionado à mediação de morte neuronal durante o envelhecimento normal e na doença de Alzheimer. Provavelmente o processo de morte celular se dá através da ativação de sistemas enzimáticos destrutivos e da interrupção de processos intracelulares vitais. Estudos têm demonstrado o efeito do nimodipino na melhoria dos sintomas cognitivos e comportamentais em pacientes com síndromes cerebrais orgânicas crônicas ou na doença de Alzheimer.
A melhora clínica na memória e na atenção foi observada em cerca de 70% de pacientes com demência em estudos de vigilância após comercialização do produto na Europa.

DEMÊNCIAS DEGENERATIVAS:
Em pacientes com Demência de Alzheimer (DA) mais severa, com pontuação total no Mini Exame do Estado Mental (MEEM) entre 12 e 18, o uso de nimodipino 180mg por dia foi significativamente maior que o placebo em 13 dos 17 estudos avaliados em relação à pontuação total da escala ADAS (Alzheimer´s Disease Assessment Scale) (p=0,01) e escores de cognição (p=0,035), bem como para pontuação total do MEEM (p=0,006).
Em 12 desses estudos de demência, principalmente relacionadas a processos cerebrais degenerativos, envolvendo cerca de 400 pacientes em cada grupo de tratamento, 58% dos doentes tratados com nimodipino foram classificados como “muito a melhorou muito, 20% como melhorou ligeiramente, e 22% não apresentaram alteração. Os resultados do placebo foram de 17%, 11% e 72%, respectivamente. Esses resultados sugerem que um subconjunto específico de pacientes com DA moderada a grave apresentam uma diminuição da deterioração cognitiva durante o tratamento sintomático com nimodipino 180mg por dia medido pelo teste de memória seletiva de Buschke (Buschke Selective Reminding test).
Apesar de não alterar a progressão da DA, esse estudo demonstrou eficácia do nimodipino para casos moderado a grave de DA em relação a desempenho cognitivo. Além da eficácia, nimodipino foi bem tolerado nas doses de 90mg e 180mg por dia.
Seis estudos que utilizaram a escala “Sandoz Clinical Assessment Geriatric” (SCAG) demonstraram maior benefício do uso de nimodipino sobre o placebo. Outro estudo que comparou nimodipino com um derivado de ergot (co-dergocrine; ergoloid mesylates) também sugeriu superioridade do nimodipino. O efeito adverso potencial mais preocupante com o uso de longo prazo do nimodipino seria sintomas extrapiramidais induzidos pela utilização do antagonista do cálcio, o que mais comumente ocorre com o uso de flunarizina ou cinarizina, mas também com verapamil. Evidências em animais sugerem que esses efeitos são menos prováveis com nimodipino, um bloqueador de canal de cálcio tipo L desprovido da atividade bloqueadora do receptor D-2.
Estudo com 30 pacientes e um grupo-controle com placebo com síndromes cerebrais orgânicas mostrou superioridade do nimodipino. A resposta ao tratamento com nimodipino não foi afetada pela etiologia da degeneração cerebral. Nimodipino foi bem tolerado até a dose de 180mg por dia. Outro estudo com 352 pacientes com síndromes cerebrais orgânicas demonstrou resultado semelhante a favor do uso de nimodipino.

DEMÊNCIAS VASCULARES:
O uso de nimodipino associado a outros tratamentos anti-hipertensivos resultou em melhora na função cognitiva em um pequeno (n = 25) ensaio aberto de nimodipino. A amostra foi composta por pacientes ambulatoriais com idade de 70 a 80 anos, com doença vascular cerebral crônica, deterioração cognitiva leve, leve a moderada hipertensão arterial (sistólica maior que 160 mmHg, diastólica superior a 95 mmHg), e aterosclerose vaso cerebral. Após 24 semanas verificou-se melhora da função neuropsicológica em 72% dos pacientes.
Outro estudo demonstrou eficácia do nimodipino no tratamento de demência degenerativa primária ou demência multi-infarto em 178 pacientes idosos com declínio cognitivo leve a moderado. Os indivíduos que receberam nimodipino apresentaram melhora estatisticamente significativa em todas as medidas de resultados. O número e a gravidade de efeitos adversos eram insignificantes.

DEPRESSÃO:
Pacientes que apresentam doença cerebrovascular ou fatores de risco vascular, associados ao início tardio de depressão, se beneficiam da terapia adjuvante com nimodipino oral, 90 mg por dia a longo prazo, podendo otimizar o tratamento com antidepressivos dos episódios de depressão maior e diminuir recaídas. (DSM- IV).

REFERÊNCIAS:
1.Wadworth AN, McTavish D. Nimodipine. Drugs & Aging. 1992; 2 (4): 262-286.

2.Liu GJ, Luo J, Zhang LP, Wang ZJ, Xu LL, He GH, Zeng YJ, Wang YF. Meta-analysis of the effectiveness and safety of prophylactic use of nimodipine in patients with an aneurysmal subarachnoid haemorrhage. CNS Neurol Disord Drug Targets. 2011; 10(7):834-44.

3.Tomassoni D, Lanari A, Silvestrelli G, Traini E and Amenta F. Nimodipine and Its Use in Cerebrovascular Disease: Evidence from Recent Preclinical and Controlled Clinical Studies. 2008; 30(8): 744-766.

4.Fritze J & Walden J: Clinical findings with nimodipine in dementia: test of the calcium hypothesis. J Neural Transm 1995; 46(suppl):439-453.

5.Morich FJ, Bieber F, Lewis JM, et al. Nimodipine in the treatment of probable Alzheimer’s disease: results of two multicentre trials. Clin Drug Invest 1996; 11:185-195.

6.Schneider LS & Tariot PN. Emerging drugs for Alzheimer’s disease. Med Clin N Am 1994; 78:911- 934.

7.Davidson M & Stern RG. The treatment of cognitive impairment in Alzheimer’s disease: beyond the cholinergic approach. Psychiatr Clin North Am 1991; 14:461-482.

8.Bernhardt T, Kubler J, & Erzigkeit H. Impairment of cerebral function in old age: nimodipine in general practice. Eur J Clin Res 1995; 7:205-215.

9.Parnetti L, Senin U, Carosi M, et al: Mental deterioration in old age: results of two multicenter, clinical trials with nimodipine. Clin Ther 1993; 15:394-406.

10.Pittera A, Basile GM, & Ciancitto S. Effect of nimodipine on chronic organic brain syndrome: analysis of performance tests during medium-term treatment with the calcium antagonist. Curr Ther Res 1990; 48:707-715.

11.Tedeschi D. Calcium regulation in brain aging by nimodipine: a multicenter trial in Italy. Curr Ther Res 1991; 50:553-563.

12.Melina D, Guerrera G, Colivicchi F, et al. Antihypertensive effect of nimodipine in elderly patients with chronic cerebrovascular disease: a preliminary report. Curr Ther Res 1990; 48:52-57.

13.Ban TA, Morey L, Aguglia E, et al: Nimodipine in the treatment of old age dementias. Prog Neuro- Psychopharmacol Biol Psychiatry 1990; 14:525-551.

14.Taragano FE, Allegri R, Vicario, et al. A double blind, randomized clinical trial assessing the efficacy and safety of augmenting standard antidepressant therapy with nimodipine in the treatment of ‘vascular depression’. International Journal of Geriatric Psychiatry 2001; 16(3): 254-260.