Características farmacológicas lansodom

LANSODOM com posologia, indicações, efeitos colaterais, interações e outras informações. Todas as informações contidas na bula de LANSODOM têm a intenção de informar e educar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um profissional médico ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Decisões relacionadas a tratamento de pacientes com LANSODOM devem ser tomadas por profissionais autorizados, considerando as características de cada paciente.



– lansoprazol
Quimicamente, o lansoprazol é 2-[[[3-metil-4-(2,2,2-trifluoroetoxi)-2 piridil]metil] sulfinil]-benzimidazol. As cápsulas contêm grânulos com cobertura entérica, pois o lansoprazol é lábil em meio ácido, de forma que a liberação e a absorção do fármaco inicia-se somente no duodeno.
O lansoprazol é um benzimidazol substituído, uma categoria de substâncias antisecretoras que não apresentam propriedades anticolinérgicas ou antagônicas de receptores H2 da histamina, mas que suprimem a secreção gástrica por inibição específica do sistema da enzima (H+, K+) ATPase, na superfície secretora das células parietais gástricas. Este sistema enzimático é conhecido como bomba ácida (ou de prótons), das células parietais. Assim, o lansoprazol é caracterizado como um inibidor das bombas de prótons do estômago, bloqueando o passo final da secreção ácida. Esse efeito é dose-dependente e leva à inibição da secreção ácida gástrica, tanto basal quanto estimulada, independentemente do estímulo. A inibição da secreção ácida gástrica persiste por até 36 horas após uma dose única. Assim, a meia-vida de eliminação plasmática de lansoprazol não reflete a duração de sua supressão da secreção ácida.
A absorção é rápida, com atingimento médio de pico plasmático em jejum entre 1,5 e 2,2 horas. A alimentação reduz seu pico de concentração e sua absorção em aproximadamente 50%. Por isso, está indicado preferencialmente em jejum. Em indivíduos sãos, a vidamédia plasmática está entre 1,2 e 1,6 horas. A farmacocinética do lansoprazol não se altera com doses múltiplas e não ocorre acúmulo. A eliminação ocorre principalmente por metabolização e excreção biliar; a eliminação urinária corresponde a somente 15% da dose administrada, sendo menos de 1% em sua forma inalterada.
Uma comparação entre a farmacocinética de lansoprazol em indivíduos sãos e em pacientes com cirrose hepática indica um Tmax discretamente aumentado, com a Cmax e a AUC significativamente aumentadas no último grupo. O clearance do lansoprazol apresenta certa diminuição nos indivíduos idosos, havendo aumento da AUC e da meia-vida em até cerca de duas vezes, em relação aos valores observados em adultos jovens normais.
Entretanto, a meia-vida média em idosos é em média de 2,9 horas; assim, mesmo após doses múltiplas, não ocorre acúmulo do lansoprazol e a Cmax não se altera.

– domperidona
A domperidona é um antagonista periférico da dopamina, cuja ação primária faz-se no assoalho do quarto ventrículo e nos receptores dopaminérgicos intestinais. Apesar de possuir propriedades gastroprocinéticas e antieméticas semelhantes à metoclopramida, ela não atravessa prontamente a barreira hematoencefálica. A domperidona aumenta o tônus do esfíncter esofágico inferior e estimula o esvaziamento gástrico. Estudos experimentais demonstraram que a droga é um antagonista específico dos receptores dopaminérgicos cerebrais, sugerindo ainda uma especificidade pelos receptores D-2, preferencialmente aos D-1. Apesar dessa ação cerebral in vitro, a domperidona não exerce efeitos centrais pronunciados in vivo, pelo fato de não atravessar prontamente a barreira hematoencefálica. Seu efeito antiemético provavelmente é devido ao bloqueio dos receptores dopaminérgicos em uma zona de quimiorreceptores localizada fora da barreira hematoencefálica.
Diversos estudos sugerem que o intestino possui receptores de dopamina específicos, com ações inibitórias, cuja ativação reduziria a motilidade gastrointestinal. A domperidona é capaz então de estimular a motilidade através do bloqueio desses receptores dopaminérgicos.
Clinicamente, a domperidona aumenta significantemente a pressão no esfíncter esofágico inferior tanto em pacientes saudáveis, quanto em pacientes com refluxo gastroesofágico, embora em menor magnitude neste último grupo. Entretanto, em um estudo controlado envolvendo pacientes com esofagite de refluxo, os resultados da domperidona foram significantemente superiores ao placebo, durante tratamento por cinco semanas.
A domperidona também aumenta a amplitude da peristalse esofágica e duodenal. Em um estudo com indivíduos saudáveis, a domperidona significantemente aumentou a peristalse antral e o esvaziamento gástrico. Assim, os efeitos da domperidona na motilidade do esôfago, estômago e duodeno parecem ser similares aos da metoclopramida. Ambas promovem atividade motora propulsiva proximal no trato gastrointestinal. Resultados de estudos controlados por placebo indicam a utilidade da domperidona no tratamento do refluxo gastroesofágico e gastrointestinal.

Metabolismo e farmacocinética:
Nos indivíduos em jejum, a domperidona é rapidamente absorvida após a administração oral, com pico de concentração plasmática em aproximadamente 1 hora. A baixa biodisponibilidade absoluta da domperidona oral (aproximadamente 15%) é devida a um extensivo metabolismo na primeira passagem pela parede intestinal e fígado. Apesar da biodisponibilidade da domperidona ser aumentada nos indivíduos normais quando tomada após as refeições, pacientes com queixas gastrointestinais devem tomar a domperidona 15 – 30 minutos antes das refeições. A redução da acidez gástrica perturba a absorção da domperidona. A biodisponibilidade oral é diminuída pela administração prévia de cimetidina ou bicarbonato de sódio. O tempo do pico de absorção é ligeiramente retardado e a AUC levemente aumentada quando o medicamento é tomado por via oral após as refeições.
A domperidona oral não parece se acumular ou induzir seu próprio metabolismo; o pico do nível plasmático após 90 minutos é de 21 ng/mL após 2 semanas de administração oral de 30 mg por dia, ele é quase o mesmo que o pico de 18 ng/mL após a primeira dose.
A ligação a proteínas plasmáticas da domperidona é de 91 – 93%.
Os estudos de distribuição com a droga radiomarcada em animais mostraram uma ampla distribuição tecidual, mas baixas concentrações no cérebro. Pequenas quantidades da droga atravessam a placenta em ratas. As concentrações da domperidona no leite materno são 4 vezes menores que as concentrações plasmáticas correspondentes.
A domperidona sofre um rápido e extenso metabolismo hepático pela hidroxilação e a Ndealquilação.
Experimentos do metabolismo in vitro com inibidores diagnósticos revelaram que o CYP3A4 é a principal forma do citocromo P-450 envolvida na N-dealquilação da domperidona, enquanto que o CYP3A4, o CYP1A2 e o CYP3E1 estão envolvidos na hidroxilação aromática da domperidona. As excreções urinária e fecal são respectivamente de 31 e 66% da dose oral. A proporção de droga excretada inalterada é pequena (10% da excreção fecal e aproximadamente 1% da excreção urinária). A meia-vida plasmática após a dose oral única é de 7-9 horas em indivíduos saudáveis, mas é prolongada em pacientes com insuficiência renal grave.