Características farmacológicas micardis

MICARDIS com posologia, indicações, efeitos colaterais, interações e outras informações. Todas as informações contidas na bula de MICARDIS têm a intenção de informar e educar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um profissional médico ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Decisões relacionadas a tratamento de pacientes com MICARDIS devem ser tomadas por profissionais autorizados, considerando as características de cada paciente.



MICARDIS contém como princípio ativo a telmisartana, um antagonista específico dos receptores da angiotensina II (tipo AT1), eficaz por via oral. A telmisartana desloca, com afinidade muito elevada, a angiotensina II de seus sítios de ligação no receptor AT1, o qual é responsável pelas ações conhecidas da angiotensina II. A telmisartana não apresenta qualquer atividade agonista parcial no receptor AT1 e liga-se seletivamente a esses receptores. Esta ligação é de longa duração. A telmisartana não apresenta afinidade por outros receptores, incluindo AT2 e outros receptores AT menos característicos.
A função destes receptores não é conhecida, nem os efeitos da possível superestimulação pela angiotensina II, cujos níveis são aumentados pela telmisartana. Os níveis de aldosterona plasmática são diminuídos pela telmisartana. A telmisartana não inibe a renina plasmática humana nem bloqueia canais iônicos. A telmisartana não possui efeito inibitório sobre a enzima conversora de angiotensina (quininase II), que também degrada a bradicinina. Portanto não se espera uma potencialização de efeitos adversos mediados pela bradicinina. No homem, uma dose de 80 mg de telmisartana inibiu quase completamente os aumentos de pressão arterial induzidos pela angiotensina II. Este efeito inibidor mantémse durante 24 horas e pode ser detectado após 48 horas. Após a administração da primeira dose de telmisartana, o início da atividade antihipertensiva ocorre gradualmente nas três primeiras horas. A redução máxima da pressão arterial é normalmente obtida 4 semanas após o início da terapêutica, mantendo-se durante o tratamento a longo prazo.
O efeito anti-hipertensivo permanece constante durante 24 horas após a administração, incluindo as últimas 4 horas antes da próxima dose, como foi demonstrado por medições ambulatoriais de pressão arterial. Este fato é confirmado por um pico consistente acima de 80% verificado após doses de 40 e 80 mg de telmisartana, em estudos clínicos controlados com placebo. Há uma aparente tendência para uma relação entre a dose e o tempo de restabelecimento da pressão sistólica basal. Com relação à pressão diastólica, os dados de referência são inconsistentes. Em pacientes hipertensos, telmisartana reduz a pressão arterial diastólica e sistólica, sem afetar a freqüência cardíaca. A eficácia anti-hipertensiva de telmisartana foi comparada à fármacos anti-hipertensivos tais como anlodipino, atenolol, enalapril, hidroclorotiazida, losartana, lisinopril, ramipril e valsartana. Após a interrupção abrupta da administração de telmisartana, a pressão arterial retorna gradualmente aos valores anteriores ao tratamento, ao fim de vários dias, sem evidências de efeito-rebote.
Demonstrou-se em estudos clínicos que o tratamento com telmisartana está associado a reduções estatisticamente significativas de massa do ventrículo esquerdo e índice de massa do ventrículo esquerdo em pacientes hipertensos portadores de Hipertrofia Ventricular Esquerda. Demonstrou-se em estudos clínicos (incluindo comparações com losartana, ramipril e valsartana) que o tratamento com telmisartana está associado a reduções estatisticamente significativas da proteinúria (incluindo microalbuminúria e macroalbuminúria) em pacientes com hipertensão e nefropatia diabética. Não se conhecem efeitos benéficos da telmisartana sobre mortalidade e morbidade cardiovascular. A incidência de tosse seca foi significantemente menor em pacientes tratados com telmisartana do que naqueles tratados com inibidores da enzima conversora de angiotensina em estudos clínicos comparando diretamente os dois tratamentos antihipertensivos. A absorção da telmisartana é rápida, embora a quantidade absorvida varie. A biodisponibilidade absoluta média é de cerca de 50%. Quando a telmisartana é administrada com alimentos, a redução da área sob a curva de concentração plasmática / tempo (AUC) varia entre aproximadamente 6% (dose de 40 mg) e 19% (dose de 160 mg). Três horas após a administração, as concentrações plasmáticas são semelhantes, quer a telmisartana seja tomado em jejum, quer com alimentos. Não é de se esperar que a pequena redução na AUC cause uma redução na eficácia terapêutica. Foram observadas diferenças relacionadas ao sexo nas concentrações plasmáticas, Cmáx e AUC, que são aproximadamente 3 e 2 vezes, respectivamente, maiores em mulheres que em homens, sem influência relevante na eficácia.
A telmisartana liga-se predominantemente às proteínas plasmáticas (99,5%), principalmente à albumina e à glicoproteína ácida alfa-1. O estado estacionário médio do volume aparente de distribuição (Vdss) é de cerca de 500 l. O metabolismo se dá por conjugação para glucuronídio. Não foi demonstrada qualquer atividade farmacológica da entidade conjugada. A telmisartana caracteriza-se por uma cinética de declínio bi-exponencial, com um tempo de meia-vida terminal superior a 20 horas. A concentração plasmática máxima (Cmáx) e, numa extensão menor, a área sob a curva de concentração plasmática / tempo (AUC), aumentam na proporção inversa da dose. Não existe evidência de acúmulo clinicamente relevante de telmisartana se esta for tomada na dose recomendada. Após a administração oral e intravenosa, a telmisartana é quase exclusivamente excretada pelas fezes, principalmente na forma de composto inalterado. A excreção urinária cumulativa é inferior a 2% da dose. A depuração plasmática total, (Cltot) é elevada (cerca de 900 ml/min), em comparação com o fluxo sangüíneo hepático (cerca de 1500 ml/min). A farmacocinética da telmisartana não difere entre pacientes jovens e idosos. Em pacientes com insuficiência renal em diálise, foram observadas concentrações plasmáticas inferiores. Como a telmisartana se liga predominantemente às proteínas plasmáticas, ela não pode ser removida por diálise nos pacientes com insuficiência renal. A meia-vida de eliminação não se altera em pacientes com lesão renal. Estudos farmacocinéticos em pacientes com lesão hepática mostraram um aumento de cerca de 100% na biodisponibilidade. A meia-vida de eliminação não é alterada nestes pacientes.