Características farmacológicas pulmicort

PULMICORT com posologia, indicações, efeitos colaterais, interações e outras informações. Todas as informações contidas na bula de PULMICORT têm a intenção de informar e educar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um profissional médico ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Decisões relacionadas a tratamento de pacientes com PULMICORT devem ser tomadas por profissionais autorizados, considerando as características de cada paciente.



Propriedades Farmacodinâmicas
A budesonida é um glicocorticosteroide com elevada ação anti-inflamatória local.

Efeito anti-inflamatório tópico
O exato mecanismo de ação dos glicocorticosteroides no tratamento da asma não está completamente elucidado. As ações anti-inflamatórias envolvendo células T, eosinófilos e mastócitos, como a inibição da liberação do mediador inflamatório e das respostas imunes mediadas pela citocina, são provavelmente importantes. A potência intrínseca da budesonida, medida como a afinidade pelo receptor de glicocorticoide, é cerca de 15 vezes maior que a da prednisolona.

Exacerbações da asma
A budesonida inalada, administrada uma ou duas vezes ao dia, mostrou prevenir efetivamente exacerbações da asma em crianças e adultos.

Asma induzida por exercício
A terapia com budesonida inalada, administrada tanto uma quanto duas vezes ao dia, foi efetiva quando usada para a prevenção da broncoconstrição induzida por exercício.
A budesonida demonstrou diminuir a reatividade das vias aéreas à histamina e metacolina em pacientes hiper-reativos.

Crescimento
A asma, assim como os glicocorticosteroides inalatórios, pode afetar o crescimento. Os efeitos de PULMICORT Suspensão para Nebulização no crescimento foram estudados em 519 crianças (de 8 meses a 9 anos de idade) em três estudos prospectivos abertos e randomizados.
No geral, não houve diferença significativa entre o crescimento das crianças tratadas com PULMICORT Suspensão para Nebulização e das crianças tratadas com terapia convencional para asma. Dois estudos (n = 239 e 72, respectivamente) mostraram um crescimento 7 mm e 8 mm maior após tratamento de 1 ano de duração com PULMICORT Suspensão para Nebulização, em comparação com o grupo controle, que recebeu terapia convencional da asma incluindo glicocorticosteroides inalatórios (não significativa estatisticamente), enquanto em outro estudo (n = 208) o crescimento durante um ano foi 8 mm inferior no grupo tratado com PULMICORT Suspensão para Nebulização em comparação ao grupo controle, que recebeu tratamento convencional para asma sem glicocorticosteroides inalatórios (diferença estatisticamente significativa).

Função do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal
Nas doses recomendadas, o tratamento com PULMICORT Suspensão para Nebulização não mostra efeito significativo sobre a habilidade de aumentar a produção de cortisol em resposta ao estresse, avaliada pelo teste com hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) em crianças de 6 meses a 8 anos de idade. O acompanhamento do tratamento a longo prazo, por até 52 semanas, confirmou a ausência de supressão do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal.

Propriedades Farmacocinéticas
Absorção
Em adultos, a disponibilidade sistêmica da budesonida após administração de PULMICORT Suspensão para Nebulização via nebulizador a jato é de aproximadamente 15% da dose nominal e 40-70% da dose liberada aos pacientes. Uma pequena fração do fármaco disponível sistemicamente é proveniente do fármaco deglutido. A concentração plasmática máxima (Cmax), que ocorre cerca de 10-30 min após o início da nebulização, é aproximadamente 4 nmol/L após dose única de 2 mg.
Distribuição
A budesonida tem um volume de distribuição de aproximadamente 3 L/kg. A ligação às proteínas plasmáticas é, em média, de 85-90%.

Biotransformação
A budesonida sofre um extenso grau (aproximadamente 90%) de biotransformação de primeira passagem no fígado, originando metabólitos de baixa ação glicocorticosteroide. A atividade glicocorticosteroide dos principais metabólitos, 6-beta-hidroxibudesonida e 16-alfa-hidroxiprednisolona, é inferior a 1% da atividade da budesonida. A biotransformação da budesonida é mediada principalmente pelo CYP3A4, uma subfamília do citocromo P450.

Eliminação
Os metabólitos da budesonida são excretados como tal ou na forma conjugada, principalmente pela via renal. Não foi detectada budesonida inalterada na urina. A budesonida tem alta depuração sistêmica (aproximadamente 1,2 L/min) em adultos sadios, e a meia-vida de eliminação plasmática da budesonida após a administração intravenosa é, em média, de 2-3 horas.

Linearidade
A farmacocinética da budesonida é proporcional à dose em doses clinicamente relevantes.

Crianças
Em crianças asmáticas de 4-6 anos de idade, a disponibilidade sistêmica da budesonida após a administração de PULMICORT Suspensão para Nebulização, via nebulizador a jato, é de aproximadamente 6% da dose nominal e de 26% da dose liberada aos pacientes. A disponibilidade sistêmica em crianças é cerca da metade da de adultos sadios. A Cmax, que ocorre aproximadamente 20 minutos após o início da nebulização, é de aproximadamente 2,4 nmol/L em crianças asmáticas de 4-6 anos, após uma dose de 1 mg.
A budesonida tem uma depuração sistêmica de aproximadamente 0,5 L/min em crianças asmáticas de 4- 6 anos. As crianças têm uma depuração por quilograma de peso corpóreo aproximadamente 50% maior do que os adultos. A meia-vida de eliminação da budesonida após inalação é de aproximadamente 2,3 horas em crianças asmáticas. Este valor é aproximadamente o mesmo de adultos sadios.
A exposição (Cmax e AUC) à budesonida após a administração por nebulização de uma dose única de 1 mg em crianças de 4-6 anos, é comparável àquela de adultos sadios que recebem a mesma dose pelo mesmo sistema de nebulização.

Dados de segurança pré-clínica
Resultados de estudos de toxicidade aguda, subaguda e crônica mostraram que os efeitos sistêmicos da budesonida, como, por exemplo, ganho de peso diminuído e atrofia dos tecidos linfoides e do córtex adrenal, são menos graves ou similares aos observados após administração de outros glicocorticosteroides.
A budesonida, avaliada em seis diferentes sistemas de teste, não mostrou efeitos mutagênico ou clastogênico.
Um aumento de incidência de gliomas em ratos machos em um estudo de carcinogênese não pode ser verificado em dois estudos de repetição, nos quais a incidência de gliomas não diferiu em nenhum dos grupos com tratamento ativo (budesonida, prednisolona, triancinolona acetonida) e os grupos controle.
Alterações hepáticas (neoplasma hepatocelular primário), encontradas em ratos machos no estudo de carcinogênese original, foram observados novamente em um de dois estudos de repetição com budesonida, assim como com o glicocorticosteroide de referência. Estes efeitos são mais provavelmente relacionados a efeito de receptor e, portanto, representa um efeito de classe.
A experiência clínica disponível mostra que não existem indicações de que a budesonida ou outros glicocorticosteroides induzam gliomas cerebrais ou neoplasmas hepatocelulares primários em seres humanos.