Características farmacológicas silimalon

SILIMALON com posologia, indicações, efeitos colaterais, interações e outras informações. Todas as informações contidas na bula de SILIMALON têm a intenção de informar e educar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um profissional médico ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Decisões relacionadas a tratamento de pacientes com SILIMALON devem ser tomadas por profissionais autorizados, considerando as características de cada paciente.



Silimalon® (silimarina e metionina) tem como princípios ativos a silimarina e a DL-metionina.
A silimarina é um composto flavonoide polifenólico extraído de frutos do Silybum marianum L., constituído pelas flavolignanas silibina, silidianina e silicristina.
A metionina é um aminoácido sulfurado e precursora da S-adenosilmetionina (SAMe). A importância da SAMe deve-se à sua capacidade de doar grupamentos metila para outras reações, sendo o mais importante agente transmetilante do organismo.

Farmacodinâmica
A silimarina, devido a sua natureza fenólica, tem ação antioxidante, reagindo com diversos radicais livres, inclusive aqueles derivados do oxigênio e da hidroxila; apresenta atividade inibitória sobre várias enzimas, como peroxidases, lipoxigenases e prostaglandina-sintetases, reduzindo a lipoperoxidação e a propagação do processo oxidativo, e promove aumentos da glutationa hepática total e do percentual de glutationa reduzida e a expressão da enzima superóxido dismutase
A silimarina é capaz de estimular a RNA-polimerase I e a síntese do RNAr, aumentando a velocidade de formação do ribossomo e, consequentemente, da síntese proteica, o que favorece, também, a síntese e replicação do DNA. Tais ações são de suma importância para a regeneração celular.
A silimarina estimula a atividade da colina-fosfato-citidiltransferase e a síntese da fosfatidilcolina e inibe a síntese da lecitina a partir do catabolismo da colina, protegendo os fosfolipídios e preservando a estabilidade das membranas celulares e microssomais hepáticas.
A silimarina reduz a produção de lipídios totais e, provavelmente, ative a β-oxidação de ácidos graxos, reduzindo a síntese de triglicerídios.
A silimarina reduz os níveis séricos das lipoproteínas de baixa densidade (LDL) e a biossíntese do colesterol, possivelmente por inibição da enzima 3-hidroxi-3-metilglutaril coenzima A – reductase. Também foi observada redução da concentração do colesterol biliar com o uso da silimarina.
A silimarina auxilia na redução da fibrogênese, por inibição da proliferação das células estreladas e redução da síntese do colágeno tipo I.
A silimarina inibe, dose-dependente, a síntese de leucotrienos (LT), notadamente o LTB4, por inibição da via da 5-lipoxigenase, e inibe, também, a liberação de histamina, neutrófilo-mediada, de mastócitos, auxiliando na redução dos processos inflamatórios.
Também aumenta a incorporação do [1-11C]-acetato, proveniente do metabolismo do álcool, aos lipídios e fosfolipídios, prevenindo seu acúmulo nos hepatócitos.
A silimarina pode ser útil na intoxicação pelo paracetamol, por suas ações antioxidante e no aumento da síntese da glutationa. E é efetiva na prevenção da hepatotoxidade causada pelo cogumelo Amanita phalloides, provavelmente por bloqueio dos receptores dos peptídeos deste fungo, na superfície das membranas celular e nuclear do hepatócito.
A metionina apresenta ação antioxidante, provavelmente por interação de seu grupamento sulfurado com os radicais livres. Ela também aciona o ribossomo para iniciar a translação proteica do RNA mensageiro.
A metionina exerce ação lipotrópica, mobilizando os ácidos graxos e prevenindo a deposição destes nos hepatócitos, provavelmente por sua participação, através da SAMe, nas reações de transmetilação, transulfuração, no aumento da glutationa e na regulação da permeabilidade da membrana celular.
A SAMe reduz a produção do acetaldeído proveniente do metabolismo do álcool, previne a deposição de gordura nos hepatócitos e restabelece os níveis da glutationa, parecendo, então, haver um sinergismo da glutationa – e, consequentemente, de sua ação antioxidante – nesta ação antiesteatose.
A SAMe atua na transmetilação da fosfatidiletanolamina para a formação da fosfatidilcolina, o principal fosfolipídio da membrana celular e vital para a manutenção da estabilidade desta.
A SAMe promove, também, a sulfatação dos ácidos biliares, reduzindo a colestase.

Farmacocinética
A absorção da silimarina, administrada pela via oral, é gastrintestinal.
Estudos experimentais com silibina marcada demonstraram a presença desta na circulação, fígado, pulmões, estômago e pâncreas, meia hora, aproximadamente, após a administração, e, nos demais tecidos, após uma hora.
A concentração plasmática foi mantida por 4 a 6 horas, tanto em animais, como em humanos. No fígado, a silimarina é conjugada com sulfatos e ácido glicurônico. A silimarina conjugada é encontrada no plasma e, em torno de 80% do total da dose administrada, na bile. A forma livre é encontrada no fígado, pulmões, estômago e pâncreas.
Em torno de 2 a 5% do total da silimarina administrada são excretados, in natura, pela urina, o que ocorre por um período de 48 horas.
A excreção biliar da silimarina, como metabólitos (sulfatos e glicuronídios), tem início 1 hora após a administração e, nas 48 horas, é da ordem de 40 a 45%, do total da dose administrada.
Pela alta concentração biliar e baixa eliminação urinária da silimarina, foi sugerida uma circulação entero-hepática, na qual, após ser absorvida no intestino, conjugada no fígado e excretada na bile, sofreria hidrólise pela flora intestinal e seria reabsorvida no intestino. A parte não reabsorvida seria eliminada, in natura, nas fezes.
A concentração da silimarina, livre e conjugada, diminui exponencialmente e a meia-vida de eliminação é de 6 horas.
A metionina é absorvida no intestino delgado. Atinge, por transporte ativo, os enterócitos e, no interior destes, participa, já, de alguns processos metabólicos. A parte não metabolizada é transportada para o fígado, pela circulação porta.
No fígado, participa, junto com outros aminoácidos, da síntese proteica ou de outras reações metabólicas, como na formação da SAMe, da cisteína, da taurina e de sulfatos. A metionina pode, também, ser metabolizada para a formação da D-glicose e do glicogênio.
A metionina não metabolizada no fígado é transportada para vários outros tecidos, nos quais participará de reações similares às que ocorrem no fígado.