FARMACOCINÉTICA
A vancomicina tem baixa absorção no trato gastrintestinal (via oral). Ela é administrada por infusão intravenosa para o tratamento de infecções sistêmicas.
A dose usual em um paciente adulto com função renal normal é de 1 g (10 a 15 mg/kg) a cada 12 horas, administrada por infusão intravenosa durante no mínimo 60 minutos.
O regime de doses de vancomicina ideal é aquele em que a concentração plasmática de pico (logo após infusão) seja menor que 40 a 50 mcg/mL e a concentração de equilíbrio esteja entre 5 a 15 mcg/mL, já que a concentração inibitória mínima para bactérias suscetíveis é <5 mcg/mL. Concentrações plasmáticas de pico maiores que 50 mcg/Ml foram relacionadas a ototoxicidade.
O volume de distribuição está entre 0,5 e 1 L/kg, sendo 0,7 L/kg o valor mais utilizado em cálculos. A distribuição da vancomicina é complexa, pois ocorre o fenômeno de redistribuição, que dificulta a medição da concentração plasmática de pico e sofre influência de variáveis como, por exemplo, idade do indivíduo.
A vancomicina é eliminada de 75-90% pela via renal por filtração glomerular; apenas cerca de 5% da dose é metabolizada. Uma pequena parte é eliminada na bile. O clearance da vancomicina é próximo ao clearance da creatinina. A vancomicina é muito pouco eliminada por hemodiálise ou diálise peritonial, porém para pacientes que fazem diálise peritoneal ambulatorial contínua essa perda é significante, sendo necessários acertos de doses, como administrar o medicamento em uma frequência maior do que a realizada em pacientes com doença renal em estágio terminal (geralmente a cada 3 a 5 dias). O mesmo ocorre em pacientes que fazem hemodiálise de alto fluxo ou de alta eficiência, que remove 17% da vancomicina.
A meia-vida plasmática média é de aproximadamente 6 horas (faixa de 4 a 11 horas) para pacientes com função renal normal, porém em pacientes com função renal diminuída (oligúria ou anúria) a meia-vida plasmática é de aproximadamente 7 dias (faixa de 6 a 10 dias). Portanto pacientes com função renal normal podem receber uma dose de vancomicina a cada 8 a 12 horas, e pacientes com função renal diminuída devem receber uma dose por semana.
Após administração intravenosa de vancomicina, são encontradas concentrações inibitórias nos líquidos pleural, pericárdico, ascítico e sinovial, assim como na urina, no líquido de diálise peritoneal e também nos tecidos que circundam o átrio. A vancomicina não penetra prontamente o líquido cérebro-espinhal, a menos que as meninges estejam inflamadas.
MICROBIOLOGIA:
A ação bactericida da vancomicina resulta principalmente da inibição da biossíntese da parede celular, da alteração da permeabilidade da membrana citoplasmática e da síntese do RNA (ácido ribonucleico). Não há resistência cruzada entre a vancomicina e outras classes de antibióticos.
A vancomicina atua contra microrganismos Gram-positivos. A vancomicina é ativa in vitro contra: estafilococos, incluindo Staphylococcus aureus e Staphylococcus epidermidis (incluindo cepas resistentes à meticilina); estreptococos, incluindo Streptococcus pyogenes, Streptococcus pneumoniae (incluindo cepas resistentes à penicilina), Streptococcus agalactiae, grupo viridans, Streptococcus bovis; enterococos, incluindo Enterococcus faecalis (anteriormente conhecido como Streptococcus faecalis); Clostridium difficile (incluindo cepas toxigênicas, relacionadas com colite pseudomembranosa) e difteroides.
Outros microrganismos que são suscetíveis à vancomicina in vitro incluem Listeria monocytogenes, Lactobacillus sp., Actinomyces sp., Clostridium sp. e Bacillus sp.
A vancomicina não é ativa in vitro contra bacilos Gram-negativos, micobactérias ou fungos.
Sinergismo: a combinação de vancomicina e um aminoglicosídeo apresenta ação sinérgica in vitro contra muitas cepas de Staphylococcus aureus, estreptococos não enterococos do grupo D, enterococos, Streptococcus sp. (grupo viridans).
TESTES DE SUSCETIBILIDADE
TÉCNICAS DE DIFUSÃO
O método Técnicas de Difusão, padronizado pelo Clinical and Laboratory Standards
Institute (CLSI), é recomendado para testar a suscetibilidade à vancomicina. Os resultados dos testes de suscetibilidade, usando discos de 30 mcg de vancomicina, devem ser interpretados de acordo com os seguintes critérios:
Diâmetro do halo (mm) | Interpretação |
≥12 | Suscetível |
10 a 11 | Intermediário |
≤9 | Resistente |
Microrganismo | Diâmetro do Halo (mm) |
Staphylococcus aureus ATCC 25923 | 15 a 19 |
CIM (mcg/mL) | Interpretação |
≤4 | Suscetível |
5 a 15 | Intermediário |
≥16 | Resistente |
Microrganismo | CIM (mcg/mL) |
Staphylococcus aureus ATCC 29213 | 0,5 a 2 |
Enterococcus faecalis ATCC 29212 | 1 a 4 |