Características farmacológicas ancoron

ANCORON com posologia, indicações, efeitos colaterais, interações e outras informações. Todas as informações contidas na bula de ANCORON têm a intenção de informar e educar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um profissional médico ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Decisões relacionadas a tratamento de pacientes com ANCORON devem ser tomadas por profissionais autorizados, considerando as características de cada paciente.



PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS
Efeitos Eletrofisiológicos/Mecanismo de Ação
ANCORON® é eficaz na prevenção ou supressão de arritmias experimentalmente induzidas. O efeito antiarrítmico de ANCORON® pode ser relacionado à pelo menos duas propriedades principais.
O principal mecanismo iônico pelo qual a amiodarona exerce seu efeito antiarrítmico, é uma diminuição da condutância para o potássio, que ocasiona um prolongamento na duração do potencial de ação e do período refratário em todo o tecido cardíaco (incluindo o nó sinusal, o átrio, o nó atrioventricular [AV], o sistema His-Purkinje e o ventrículo), sem afetar significativamente o potencial transmembrana diastólico. Afeta em menor grau a condutância para a entrada de sódio e cálcio, com efeito reduzido na amplitude do potencial de ação e na velocidade de despolarização. A amiodarona diminui o automatismo do nó sinusal e do nó AV, prolonga a condução AV e diminui o automatismo das fibras de condução espontânea do sistema de Purkinje. O efeito na condução intra-atrial (PA) e intraventricular (HV) é variável. A diminuição da condução nodal se expressa pelo aumento do intervalo AH e rebaixamento do ponto de Wenckebach AV, com a estimulação atrial programada. O período refratário do sistema His-Purkinje se prolonga, sem afetar o tempo de condução. O intervalo HV não se modifica.
ANCORON® prolonga o estado refratário e diminui a condução das vias teciduais acessórias em pacientes com Síndrome de Wolf-Parkinson-White (WPW). Também produz antagonismo não competitivo dos receptores alfa e beta-adrenérgicos. ANCORON® é considerado fundamentalmente um antiarrítmico da classe III, com algumas propriedades da classe I
(amiodarona também bloqueia, com afinidade seletiva, os canais inativados de sódio). Estes efeitos eletrofisiológicos podem refletir na diminuição da frequência sinusal, prolongamento de intervalo PR e QTc, QRS ligeiramente alargado, diminuição da amplitude da onda T com alargamento e bifurcação da mesma e aparecimento da onda U. O efeito eletrofisiológico mais consistente ocasionado pela administração endovenosa da amiodarona é o retardamento da condução e o prolongamento da refratariedade na junção AV.

Efeitos Hemodinâmicos
Função ventricular normal: em pacientes com boa função ventricular, a administração oral de ANCORON® não produz alterações no débito cardíaco, mas a infusão endovenosa lenta produz bradicardia; se a infusão for rápida, provoca taquicardia reflexa por diminuição da pressão arterial.
ANCORON® produz vasodilatação periférica, diminuindo, portanto, a resistência vascular periférica (pós-carga), com aumento secundário do índice cardíaco.

Disfunção ventricular: a administração oral de ANCORON®, mesmo em pacientes com má função ventricular, com ou sem insuficiência cardíaca estabelecida, não produz alterações significativas na fração de ejeção do ventrículo esquerdo, inclusive em pacientes com frações de ejeção entre 15 e 20%; entretanto, doses orais elevadas podem, raramente, produzir hipotensão. Em pacientes com má função ventricular, a administração endovenosa rápida de amiodarona pode produzir hipotensão grave e uma diminuição transitória do índice cardíaco, sem alterações na resistência vascular periférica, porém, com aumento da pressão capilar pulmonar. Quando a fração de ejeção for maior do que 30%, a infusão endovenosa lenta de amiodarona não altera o índice cardíaco e o volume sistólico.

Circulação coronariana: ANCORON® produz vasodilatação coronariana, responsável, em parte, pelo efeito antianginoso, que consiste em (1) redução de longa duração da frequência cardíaca, (2) diminuição moderada e transitória da pressão arterial, (3) redução do consumo miocárdico de oxigênio, (4) aumento acentuado do fluxo sanguíneo miocárdico, (5) inibição parcial dos efeitos das catecolaminas.

PROPRIEDADES FARMACOCINÉTICAS
ANCORON® é absorvido de forma lenta e variável no trato gastrintestinal. Sua biodisponibilidade oral é de 50%, variando de 35% a 65% em vários estudos. Seu volume de distribuição é amplo e variável, em consequência de grande acúmulo no tecido adiposo e em órgãos altamente vascularizados (fígado, pulmão, baço), fazendo com que o estado de equilíbrio e as concentrações terapêuticas plasmáticas sejam atingidos gradualmente e sua eliminação seja prolongada. A ligação às proteínas é elevada (96%). Sua biotransformação é na maior parte hepática; a desetilamiodarona é o metabólito ativo. A eliminação é bifásica; a meia-vida inicial de eliminação após a interrupção do tratamento por via oral é de 2,5 a 10 dias, seguida da fase terminal, que varia entre 8 e 107 dias. A meia-vida terminal de eliminação para a desetilamiodarona é em média de 61 dias.
Após dose única endovenosa, ANCORON® apresenta início de ação entre 1 a 30 minutos, com duração do efeito de 1 a 3 horas.
Após dose única oral, o tempo para a concentração máxima é de 3 a 7 horas. A concentração plasmática terapêutica é de 1 a 2,5 mcg (de 0,001 a 0,0025 mg) por mL. Ao se iniciar o tratamento por via oral com doses de ataque elevadas, o efeito pode ocorrer em poucas horas. Durante tratamento prolongado por via oral, o efeito ocorre no período de 2 a 21 dias. Após a interrupção do tratamento por via oral, o efeito da amiodarona permanece por tempo variável (semanas a meses). Concentrações plasmáticas de amiodarona são detectáveis até 6 meses após a suspensão do tratamento. A amiodarona tem excreção biliar. Aproximadamente 25% da dose são excretadas no leite materno. A amiodarona não é eliminada por hemodiálise; sua cinética de distribuição e eliminação não se modifica em pacientes que requerem diálise crônica.