Características farmacológicas invirase

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A protease do HIV é encarregada da clivagem específica das proteínas precursoras do vírus nas células infectadas, o que é um passo essencial na criação de partículas virais infecciosas completamente formadas. Estas proteínas precursoras virais contêm um sítio específico de clivagem que é reconhecido unicamente pelo HIV e pelas proteases virais intimamente relacionadas. Saquinavir tem sido designado como uma estrutura mimética do tipo peptídica de tais sítios de clivagem. Como resultado, saquinavir fixa-se intimamente dentro dos sítios ativos da protease do HIV-1 e HIV-2, comportando-se in vitro como um inibidor seletivo e reversível, com aproximadamente 50.000 vezes menos afinidade pelas proteases humanas.
Diferentemente dos análogos nucleosídeos (por ex.: zidovudina), o saquinavir atua diretamente em seu alvo enzimático viral. O saquinavir não necessita de ativação metabólica, o que amplia sua potencial eficácia nas células em latência. Saquinavir é ativo em concentrações nanomolares em linhagens linfoblásticas e monocíticas e em culturas de linfócitos e monócitos infectados por linhagens laboratoriais ou isolados clínicos do HIV-1. Experimentos em cultura de células mostraram que o saquinavir produz um efeito antiviral aditivo contra o HIV-1 em combinação dupla ou tripla com diversos inibidores da transcriptase reversa (p. ex.: zidovudina, zalcitabina, didanosina, lamivudina, estavudina e nevirapina), sem aumento da citotoxicidade, além de um claro sinergismo quando em combinação dupla com lopinavir.

FARMACOCINÉTICA
Absorção
A biodisponibilidade absoluta do saquinavir quando administrado como base não foi avaliada. Em pacientes infectados pelo HIV recebendo múltiplas doses de saquinavir (400 a 1200 mg, três vezes ao dia), foi observado um aumento maior do que a dose proporcional nas concentrações plasmáticas do saquinavir. Seguindo múltiplas doses de saquinavir (1200 mg, três vezes ao dia) em pacientes HIV positivos, a média da área sob a curva de concentração plasmática versus curva de tempo (AUC) de estado de equilíbrio no intervalo entre duas tomadas (AUC0-8) foi de 3485 a 7249 ng.h/mL comparado a 866 ng.h/mL seguindo múltiplas doses com 600 mg, três vezes ao dia de mesilato de saquinavir. O perfil farmacocinético do saquinavir manteve-seestável durante o tratamento de longo prazo.
Os valores de AUC e concentração plasmática máxima (Cmáx) no estado de equilíbrio em pacientes infectados pelo HIV-1recebendo saquinavir 1200 mg, três vezes ao dia, foram aproximadamente tão elevados quanto àqueles verificados em indivíduos saudáveis que receberam o mesmo tratamento.
O efeito da diarréia crônica ou má-absorção de saquinavir é desconhecido. Entretanto, para mesilato de saquinavir não foi demonstrada nenhuma diferença na absorção gastrintestinal entre pacientes HIV positivos com ou sem diarreia de intensidade leve a moderada.
O saquinavir é substrato do MDR 1, transportador de múltiplos fármacos (glicoproteína-P).

Efeito dos alimentos na absorção oral
Quando utilizado em combinação com ritonavir booster na dose 1000 mg/100 mg 2 vezes/dia em 6 pacientes infectados pelo HIV-1, a AUC de 12 horas do saquinavir no dia 14 era de 18840 ng.h/mL depois de um desjejum normal com 20 gramas de gordura e 23440 ng.h/mL depois de um desjejum com 45 gramas de gordura.
A AUC média de 12 horas após uma única dose de 800 mg de dose oral de saquinavir em voluntários sadios foi aumentada de 167 ng.h/mL, sob condições de jejum, para 1120 ng.h/mL quando saquinavir foi administrado após um desjejum reforçado (45 g de proteína, 76 g de carboidrato, 55 g de gordura; total de 961 kcal). A concentração média dada pela AUC de 12 horas após uma dose de 1200 mg de saquinavir em voluntários saudáveis (n = 12) foi aumentada de 952 ng.h/mL, após uma refeição leve (2 g de proteína, 50 g de carboidrato, 28 g de gordura; total de 524 kcal), para 1388 ng.h/mL quando saquinavir foi administrado após um desjejum reforçado (45 g de proteína, 76 g de carboidrato, 55 g de gordura; total de 961 kcal).

Distribuição
O saquinavir é distribuído amplamente nos tecidos. O volume médio de distribuição administração intravenosa foi de 700 L. Foi demonstrado que saquinavir apresenta um (aproximadamente 97%) independente da concentração até 30 mcg/mL.

Metabolismo e eliminação
no estado de equilíbrio após alto grau de ligação proteica
Estudos in vitro usando microssomas de tecido hepático humano mostraram que o metabolismo do saquinavir é mediado pelo sistema citocromo P450 com a isoenzima específica CYP3A4, responsável por mais de 90% do metabolismo hepático. Essa isoenzima é responsável pela conversão do fármaco numa série de derivados mono e diidroxilados inativos. Em estudos de balanço de massa, após a administração oral de saquinavir marcado com 14 C, a principal via de excreção foi a fecal (88%) e apenas 1% foi excretado pela urina.
A diferença percentual entre o fármaco livre circulante no plasma comparada à radioatividade total entre a dose intravenosa (66%) e a dose oral (13%) de saquinavir marcado com 14C sugere que o saquinavir é submetido a um extenso metabolismo de primeira passagem. Isso é confirmado pela alta depuração sistêmica dose independente – 1,14 L/h/kg – observada após a administração intravenosa. O tempo médio de permanência do saquinavir foi de 7 horas.

Farmacocinética em situações clínicas especiais
Pacientes com disfunção renal ou hepática
Nenhuma investigação foi realizada acerca da farmacocinética de saquinavir em pacientes com disfunção renal ou hepática.

Efeitos relacionados ao sexo, raça e idade
Em voluntários sadios não foi observado nenhum efeito na farmacocinética de saquinavir na dose de 1200 mg relacionado ao sexo. A influência da raça na farmacocinética de saquinavir não foi determinada. A farmacocinética de saquinavir não foi investigada em pacientes acima de 65 anos.