Características farmacológicas sensitram

SENSITRAM com posologia, indicações, efeitos colaterais, interações e outras informações. Todas as informações contidas na bula de SENSITRAM têm a intenção de informar e educar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um profissional médico ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Decisões relacionadas a tratamento de pacientes com SENSITRAM devem ser tomadas por profissionais autorizados, considerando as características de cada paciente.



Propriedades farmacológicas
O tramadol é um analgésico opioide de ação central. É um agonista puro não seletivo dos receptores opioides (mi, delta e kappa) com afinidade maior pelo receptor μ (mi). Outros mecanismos que contribuem para o efeito analgésico de tramadol são a inibição da recaptação neuronal de noradrenalina e o aumento da liberação de serotonina. O tramadol tem um efeito antitussígeno. Em contraste com a morfina, de uma maneira geral, doses analgésicas de tramadol não apresentam efeito depressor sobre o sistema respiratório. O tramadol tem efeito antitussígeno. A motilidade gastrintestinal é pouco afetada, demonstrando-se apenas pequeno atraso da motilidade colônica. Os efeitos no sistema cardiovascular tendem a ser leves. Foi relatada que a potência de tramadol é 1/10 a 1/6 da potência da morfina.
Propriedades farmacocinéticas
Formulações de liberação lenta, como SENSITRAM®, proporcionam concentrações plasmáticas estáveis por 12 horas. Mais de 90% do tramadol é absorvido após administração oral. A biodisponibilidade absoluta é em média 70% independente da ingestão concomitante com alimentos. A diferença entre a quantidade de tramadol absorvida e a não metabolizada é provavelmente devido ao baixo efeito de primeira passagem. O efeito de primeira passagem após administração oral é de no máximo 30%. O tramadol apresenta alta afinidade tecidual (Vd,beta = 203 L ± 40 L) e liga-se às proteínas plasmáticas em cerca de 20%. O tramadol atravessa as barreiras placentária e hematoencefálica. Pequenas quantidades de tramadol e do derivado O-desmetil são encontradas no leite materno (0,1% e 0,02%, da dose aplicada, respectivamente). A meia-vida de eliminação (t1/2,beta) é de aproximadamente seis horas, independentemente da via de administração. Em pacientes acima de 75 anos de idade, a meia-vida de eliminação pode ser prolongada por um fator de aproximadamente 1,4. Em humanos, o tramadol é metabolizado principalmente por N- e O-desmetilação e conjugação dos produtos da O-desmetilação com ácido glicurônico. Somente o O-desmetiltramadol é farmacologicamente ativo. Há diferenças quantitativas interindividuais consideráveis entre os outros metabólitos. Até o momento, 11 metabólitos foram detectados na urina. Experimentos em animais demonstraram que O-desmetiltramadol é de duas a quatro vezes mais potente do que o fármaco inalterado. A meia-vida t1/2,beta (seis voluntários sadios) é de 7,9 horas (5,4-9,6 horas), bastante similar à meia-vida do tramadol. A inibição de uma ou ambas as isoenzimas CYP3A4 e CYP2D6 envolvidas na biotransformação do tramadol pode afetar a concentração plasmática do tramadol ou de seu metabólito ativo. Até o momento, não foram observadas interações clinicamente relevantes. O tramadol e seus metabólitos são quase completamente excretados via renal. A excreção urinária cumulativa é 90% da radioatividade total da dose administrada. Em casos de insuficiência renal e hepática, a meia-vida pode ser ligeiramente prolongada. Em pacientes com cirrose hepática, as meias-vidas de eliminação são de 13,3 ± 4,9 horas (tramadol) e 18,5 ± 4,9 horas (O-desmetiltramadol); em um caso extremo, determinou-se 22,3 horas e 36 horas, respectivamente. Em pacientes com insuficiência renal (clearance de creatinina < 5 mL/min), os valores foram 11 ± 3,2 horas e 16,9 ± 3 horas; em um caso extremo 19,5 horas e 43,2 horas, respectivamente. O tramadol tem um perfil farmacocinético linear dentro da faixa de dose terapêutica. A relação entre concentrações séricas e o efeito analgésico é dose-dependente, mas varia consideravelmente em casos isolados. Uma concentração sérica de 100 ng/mL a 300 ng/mL é usualmente eficaz.
Populações especiais
Insuficiência renal: resulta na diminuição da taxa e extensão de eliminação do tramadol e de seu metabólito ativo. As farmacocinéticas do tramadol foram estudadas em pacientes com comprometimento renal leve a moderado após recebimento de doses múltiplas de uma formulação contendo 100 mg de cloridrato de tramadol em liberação modificada. Não foram observadas tendências consistentes de que a exposição ao tramadol relacionada aos pacientes com insuficiência renal leve (clearance de creatinina de 50-80 mL/min) ou moderada (clearance de creatinina de 30-50 mL/min) em comparação aos pacientes com função renal normal. No entanto, a exposição do metabólito ativo diminuiu 20%-40% com o aumento da severidade do comprometimento renal (de normal a leve e moderado). Não é recomendado o tratamento de tramadol em insuficiência renal severa (clearance de creatinina < 30 mL/min), pela falta de avaliação nesses pacientes. A quantidade total de tramadol e seu metabólito ativo removida durante um período de diálise de quatro horas é menor do que 7% da dose administrada.
Insuficiência hepática: a farmacocinética foi avaliada em pacientes com comprometimento hepático leve a moderado, após doses múltiplas de 100 mg de cloridrato de tramadol em liberação modificada. A exposição do (+) e (-) tramadol foi similar nos pacientes com insuficiência hepática leve a moderada em comparação aos com função hepática normal. No entanto, a exposição dos metabólitos (+) e (-) M1 diminuiu 50% com severidade aumentada do comprometimento hepático (de normal a leve e moderado). A farmacocinética do tramadol não foi avaliada no comprometimento hepático severo. Após a administração do tramadol comprimidos de liberação imediata em pacientes com cirrose hepática avançada, a área sobre a curva (ASC) da concentração plasmática versus tempo apresentou-se mais larga, e as meias-vidas do tramadol e de seu metabólito foram mais longas do que em indivíduos com função hepática normal. Desse modo, não é recomendado o tratamento com tramadol em pacientes com insuficiência hepática severa.
Idosos: a absorção de tramadol em pacientes acima de 65 anos de idade não foi bem avaliada e ainda é desconhecida.
Gênero: em estudos farmacocinéticos com doses múltiplas em 166 indivíduos saudáveis de ambos os sexos (111 homens e 55 mulheres), os valores de ASC dose-normalizados do tramadol foram um pouco maiores nas mulheres do que nos homens. Houve considerável redução da sobreposição dos valores entre os grupos de homens e mulheres. Porém o ajuste da dosagem baseado no gênero não é recomendado.